COMO ESCREVER PARA TEATRO
A linguagem do teatro é completamente diferente da linguagem do cinema e TV.
Cinema e TV contam com o recurso das imagens.
O teatro é vivo, acontece naquele instante, naquele palco e sua linguagem é fundamentalmente a Ação.
Você pode ser um autor teatral (aquele que tem uma idéia própria a respeito do mundo e das relações humanas) ou dramaturgo (aquele que conhece a técnica de escrever para teatro) ou ambos (que é a melhor forma).
REGRAS BÁSICAS
Idéia Central.
Você deve ter uma Idéia Central para a sua peça. Idéia Central significa: exatamente o quê você quer dizer para o seu público?
Ex: Arthur Miller quando escreveu a peça “A morte do caixeiro viajante” quis passar a idéia de que a tecnologia moderna substitui a experiência do velho trabalhador. Os homens vão sendo colocados de lado, substituídos por máquinas.
Ação Presente de Cena.
É a Ação que deve haver em cada Cena. É através da Ação dos meus personagens que consigo mostrar minha Idéia Central ao público. Ao contrário do que se pensa, no teatro, a Ação vem antes dos diálogos. É a Ação que gera o diálogo e nunca o contrário. Senão, a peça perde o interesse da platéia.
A Ação dos Personagens não pode ser uma Ação Vulgar.
Exemplo: Abrir uma garrafa de vinho e beber o vinho, simplesmente por beber.
O ato de beber o vinho deve ser ligado à Idéia Central da peça.
Se pensarmos na Idéia Central “Os homens são substituídos por máquinas”, ao abrir uma garrafa de vinho, meu personagem, por exemplo, pode referir que as uvas daquele vinho já não são amassadas por pés humanos, e sim por máquinas. E ele bebe por quê? Para brindar a vitória da tecnologia ou a derrota dos homens?
Protagonista.
É ele quem vai carregar e defender sua Idéia Central até o desfecho da peça.
Como se reconhece um protagonista? Você reconhece o protagonista porque ele é quem muda mais de qualidade durante toda a peça.
Novamente o exemplo “O homem x máquina”: O homem é demitido pelo chefe porque uma máquina fará o seu trabalho daí para frente. Numa cena você pode mostrar o seu protagonista derrotado, completamente sem esperanças, comunicando o fato à sua esposa. Noutra cena você pode colocar seu protagonista reagindo, lutando com todas as forças para conseguir seu emprego de volta. Na cena de crise, por exemplo, ele enlouquece e trava um duelo com a máquina, como D. Quixote, e acaba sendo tragado e morto pela máquina.
Antagonista.
É o personagem que se contrapõe às idéias e vontades do seu protagonista, gerando então o Conflito.
Conflito.
É essencial a toda peça e a cada cena que está sendo apresentada. É o conflito que faz a peça caminhar para frente até o seu desfecho. O conflito essencial é mostrado na Cena de Crise.
Cena de Crise.
É a principal cena da peça, porque nela os personagens se mostram por inteiro. Numa boa peça você vai conhecendo, a cada cena, novas facetas de personalidade de seus personagens. Quando chega na Cena de Crise, o público já deve conhecer o suficiente sobre cada personagem para que haja uma identificação e uma emoção específica.
Rubricas desnecessárias.
Nunca se deve pôr rubricas do tipo: John ( Muito ansioso) ou Mary (Com ar de cansaço). É tarefa do ator (e do diretor) descobrir a emoção contida em cada fala de seu personagem.
Rubricas de Direção.
Também são desnecessárias rubricas como: O ator deve andar até o proscênio, virar-se para o lado esquerdo da platéia e dizer bla bla bla. Isso é tarefa do diretor.
Questões para pensar
(antes de começar a escrever)
1. Shakespeare colocava nos primeiros sete minutos de suas peças o conflito essencial. Ex: Em Hamlet, o fantasma de seu pai assassinado por seu tio e pela própria mãe aparece e clama por vingança. Você concorda que os 7 primeiros minutos são essenciais para provocar o interesse ou distanciamento da platéia?
2. O quê, na sua opinião, seria uma boa Idéia nos dias de hoje, para passar para uma platéia?
3. Você já se interessou por algum tipo de linguagem de comunicação, como escrever para teatro, cinema ou TV? Acha que é algo intuitivo ou necessita de técnica?
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